domingo, 15 de maio de 2011

FOFOCA AMEAÇA A PRODUTIVIDADE

De cada 10 funcionários, dois são intrigueiros

Confiança entre colaboradores é fundamental para o bom desempenho.

Os líderes não devem estimular o “disse-me-disse”


Algo não cheira bem. O clima está tenso, as pessoas chegam irritadas ao trabalho e saem mais nervosas ainda. O disse-me-disse corre solto, a produção e o entrosamento entre os funcionários estão em queda. É hora de acender a luz de alerta. Se o líder não intervir a tempo e acabar de vez com a intriga, a empresa como um todo sofrerá as conseqüências da fofoca.
Sempre ocorrem intrigas ou fofocas quando muitas pessoas dividem espaço. Estatisticamente, em um grupo de 10 colaboradores, 2 costumam ser intrigueiros, desagregadores, e outros 2 , estabilizadores. Uma das funções mais importantes do líder é entender de pessoas e saber separar o joio do trigo.
Estudos recentes sobre trabalho indicam que, nos lugares onde há harmonia no ambiente organizacional, a produtividade é maior. Pesquisa realizada pela revista Exame sobre as melhores empresas para se trabalhar, verificou-se que os funcionários destacam 3 fatores como fundamentais para serem felizes no emprego:
1-     ter confiança nas pessoas para quem trabalham;
2-     ter orgulho do que fazem e;
3-     se dar bem com as pessoas com quem convivem.
O resultado da pesquisa mostra que mais importante do que o salário é sentir-se seguro, confortável e bem no ambiente de trabalho. Esses fatores contribuem para que o colaborador desenvolva bem suas capacidades e se dedique ao trabalho com mais afinco.

“Um grande erro das empresas é manter a chamada ‘agenda oculta’. O ideal é que as pessoas sejam valorizadas não pelo que dizem fazer, mas pelo que de fato fazem”.

MERITOCRACIA - Uma das formas de evitar que a intriga ganhe espaço na organização e passe a fazer parte da cultura da empresa é adotar o sistema de promoção por meritocracia, ou seja, valorizar o que de fato tem valor com base no bom trabalho apresentado ou na produção atingida. Existem empresas onde sobressaem os que têm maior capacidade de influenciar os chefes. O mérito está em ‘dizer’ o que fez ou mostrar o que o outro não fez.
Um grande erro das empresas é manter a chamada “agenda oculta”, que dá margem a comentários ou suposições sobre seu conteúdo. Neste caso sempre há uma lista negra de funcionários privilegiados. Acreditando estar numa ou noutra lista, um colaborador fala do outro, e ninguém entende quais são os critérios de avaliação usados para figurar nesta ou naquela.
As regras de avaliação e promoção dentro da empresa devem ser as mais claras possíveis. O ideal é que as pessoas sejam valorizadas não pelo que dizem fazer, mas pelo que de fato fazem e pela forma como se comportam. Um comportamento inadequado exige atuação imediata do líder. Essa intervenção deve ser feita por meio de uma conversa direta com o responsável pela intriga.
Se o tête-à-tête não surtir efeito, a demissão é quase certa. Os próprios colegas de trabalho passam a isolar o intrigueiro. Se o desligamento não partir da empresa, ou próprio funcionário não resiste à pressão e pede para sair. Não é salutar convém manter, na empresa, uma pessoa com este desvio comportamental. Ainda que ela apresente competência técnica, também precisa ter muita inteligência emocional.
Grande parte das organizações já perceberam o prejuízo que estas pessoas podem gerar à empresa e passaram a cortar o mal pela raiz, só contratando colaboradores que demonstrem capacidade de agrupar e de criar um ambiente saudável de trabalho. Segundo ele, um erro de avaliação nessa hora pode acabar em queda de produtividade do grupo e prejuízo à imagem da empresa. Como o processo de seleção inclui várias etapas, como análise de currículo, avaliação de competências e entrevistas, entre outras, o profissional de recursos humanos consegue distinguir as pessoas produtivas e conciliadoras das desagregadoras e intrigueiras antes mesmo da contratação.
Basta perguntar ao candidato como era seu relacionamento com os colegas e pedir para que fale um pouco da última empresa em que trabalhou. A forma como ele vai referir-se aos ex-amigos e à empresa anterior dá uma mostra de como ele falará da atual, quando for o caso.

Invejosos contaminam o ambiente

Fofocar é falar de alguém ou alguma coisa. As pessoas fofocam boa parte do tempo, especialmente quando se juntam próximas à maquina de cafezinho da empresa ou quando dão uma pausa no trabalho para o lanche. O assunto pode ser a roupa inadequada de alguém, a novela do dia anterior ou mesmo uma peripécia do filho.
Mas, quando a fofoca toma dimensões maiores, deixa de ser um simples comentário para se tornar uma intriga. A principal característica da intriga é criar um estado de animosidade no ambiente e indispor uma pessoa contra a outra.
            Pessoas mal resolvidas não sabem lidar com suas próprias frustrações, sentem inveja de quem sabe o que fazer, ao contrário delas. Sem conseguir dizer que admira o colega por sua competência e pedir ajuda para supera seus próprios limites, o intrigueiro acaba colocando defeito no trabalho ou na postura do outro.

DIFERENÇAS - Nem sempre o intrigueiro age por maldade. Muitas vezes, ele nem percebe que está prejudicando alguém, pensa que está sendo sincero e até chega a se orgulhar do seu comportamento. O que essa pessoa não entende é que há verdades que não precisam ser ditas e, mesmo que sejam reveladas, isso pode ser pode ser feito de maneira sutil, de forma a não magoar ou denegrir.
E, o mais importante, o comentário deve ser feito diretamente à pessoa e não a terceiros. Se a intenção for ajudar, é assim que deve ser. As pessoas com déficit de atenção costumam ser agitadas e intrigueiras. Elas não conseguem ficar bem num ambiente de calmaria e acabam criando situações adversas, só para ver o circo pegar fogo.

Ignore o que falam de você.


Se por acaso você for alvo de alguma intriga, a melhor coisa a fazer é ignorar o fato. Qualquer reação pode ser pior. Mandar resposta ao intrigueiro só vai por lenha na fogueira, e o resultado pode ser ruim para os dois.  Mas por outro lado ficar calado pode ser uma faca de dois gumes. Algumas pessoas não conseguem ficar passivas enquanto os outros falam mal dela.
            Neste caso, o melhor a fazer é o enfrentamento, procurar diretamente a pessoa responsável pela intriga e esclarecer o assunto. Antes que o mal se instale e a situação fique insustentável, o líder deve agir. Chamar o intrigueiro para uma conversa e dizer que este tipo de comportamento não será tolerado pela empresa.
            As organizações devem dar a devida importância aos boatos, fofocas e intrigas. Veja o exemplo de duas empresas do ramo de ensino que tinham todas as chances de progredir e acabaram afundando.
            Ambas eram as melhores no que faziam, tinham funcionários competentes e não conseguiram seguir adiante. A fofoca começava na diretoria e acabava nos funcionários. Hoje, as duas lideram o numero de ações trabalhistas na Justiça.  

Evite o mal-estar dentro da empresa.
Veja como é possível melhorar o ambiente de trabalho e o relacionamento entre as pessoas.
·         Cabe ao líder identificar os focos de intrigas e acabar com elas antes que contamine a equipe.
·         Numa organização as informações devem estar disponíveis para todos e devem ser compartilhadas de maneira rápida e prática.
·         Lembre-se: pessoas guardam sentimentos e ressentimentos. Não esquecem facilmente a bronca ou injustiça a que foram submetidas.
·         Cuidado: ao repreender alguém, controle seu tom de voz e as palavras que usa .
·         Seja democrático: pergunte, questione e peça sugestões. As pessoas quando se sentem peças importantes de algo tendem a ajudar.
·         Evite o excesso de “sinceridade”. Muitos têm o “pavio curto” e explodem com facilidade.
·         Antes de cobrar algo, verifique se realmente as condições de desenvolvimento foram dadas. Cobrar é fácil, auxiliar a crescer é difícil.
·         Se alguém quer tomar seu lugar, sente inveja do seu sucesso e quer arruinar o seu trabalho... esqueça e faça o seu melhor. Preocupar-se só vai comprometer o seu desempenho.
·         Valorize a sua tranqüilidade acima de tudo. Analise suas próprias atitudes e veja o que você tem feito para melhorar seu ambiente de trabalho.
·         Se todos estiverem se esforçando para melhorar a convivência, e mesmo assim não funcionar, é hora de pedir ajuda a um psicólogo ou terapeuta ocupacional.

 Identifique a maçã podre.
Há um Tulius Detritus na sua empresa?

Sob o comando de Júlio César, os romanos dominaram toda a Gália, região que hoje forma a França.
      Só que os gauleses pareciam invencíveis por duas razões: tinham uma poção mágica que lhes dava força e uma grande união entre seus habitantes. Inconformado por não conseguir vencê-los, Júlio César tenta a última estratégia: provocar a desunião dentro da aldeia introduzindo nela um indivíduo chamado Tulius Detritus, cuja competência era criar cizânia. Esse especialista em intrigas quase foi o responsável pelo fim da aldeia.
      As empresas também têm seus Tulius Detritus, incapazes de doar um grama de boa vontade para a criação de um bom ambiente de trabalho. Suas ferramentas são a desconfiança, indiferença, ironia e mau humor. E, quando chegam a cargos de chefia, acrescentam mais uma: a arrogância. Perigo à vista, pode ser o fim da aldeia!
      Não é necessário ser um especialista para entender a importância do clima organizacional. A qualidade do ambiente de trabalho interno influi no comportamento das pessoas, reflete na qualidade do trabalho e na percepção dos clientes.